Erros Comuns na Comunicação de Faturas ao e-Fatura: Como evitá-los

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Erros Comuns na Comunicação de Faturas ao e-Fatura: Como evitá-los

Desde a entrada em vigor da obrigatoriedade da comunicação de faturas à Autoridade Tributária (AT), o sistema e-Fatura tornou-se uma ferramenta central no cumprimento das obrigações fiscais das empresas em Portugal. No entanto, ainda hoje, muitas entidades – sobretudo pequenos empresários e profissionais em nome individual – cometem erros frequentes neste processo, o que pode originar coimas, divergências, e até dificuldades em processos de reembolso ou dedução do IVA.

Neste artigo, exploramos os erros mais comuns na comunicação de faturas ao e-Fatura, explicamos como evitá-los e reforçamos a importância de uma contabilidade organizada e acompanhada por profissionais certificados.

O que é o e-Fatura?

O e-Fatura é um sistema digital gerido pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), que permite às empresas comunicar as suas faturas eletronicamente. Esta comunicação pode ser feita de várias formas, dependendo da situação da empresa:

  • Automaticamente, através de programa de faturação certificado;
  • Manual, através do preenchimento no portal e-Fatura;
  • Via webservice, para empresas com sistemas integrados;
  • Por ficheiro SAF-T (PT), enviado mensalmente até ao dia 5 do mês seguinte.

Segundo o n.º 1 do artigo 3.º do Decreto-Lei n.º 198/2012, todas as entidades com atividade comercial ou prestação de serviços estão obrigadas a comunicar faturas emitidas, independentemente de terem ou não contabilidade organizada.

Principais Erros na Comunicação de Faturas

A seguir, apresentamos os erros mais frequentes, que têm impacto direto na contabilidade, na credibilidade da empresa e no risco fiscal:

  1. Faturas Não Comunicadas no Prazo

Um dos erros mais comuns é não comunicar as faturas até ao dia 5 do mês seguinte ao da sua emissão (ou até dia 8, no caso do SAF-T).

Consequências:

  • Multas que podem ir de 200€ a 3750€ (Art.º 123.º do RGIT);
  • Dificuldades nas deduções de IVA ou no apuramento do volume de negócios;
    Incoerências entre o emitido e o declarado.

Como evitar:
Implementar rotinas mensais de conferência da comunicação e usar programas de faturação que enviem automaticamente os dados para o portal da AT.

  1. Erros no Número de Contribuinte (NIF)

Muitos empresários introduzem manualmente os dados do cliente e cometem erros no NIF, nomeadamente um dígito trocado ou incompleto. Isto pode invalidar a dedução do IVA pelo cliente e afetar o relacionamento comercial.

Como evitar:

  • Confirmar sempre os dados do cliente com atenção;
  • Validar o NIF no site oficial da AT;
    Usar programas de faturação com validação automática de NIF.
  1. Comunicação de Faturas Duplicadas

Outro erro frequente ocorre quando há tentativa de reenviar o ficheiro SAF-T sem eliminar os duplicados, ou quando há integração manual com duplicações de faturas já comunicadas.

Como evitar:

  • Verificar se o software de faturação tem sistema anti-duplicação;
  • Guardar comprovativos de envios;
    Realizar reconciliação mensal entre o e-Fatura e a contabilidade.
  1. Comunicação de Documentos que Não São Faturas

Nota de encomenda, orçamento, recibo ou guia de transporte não são faturas. Quando comunicados erradamente como tal, geram confusão fiscal e podem induzir em erro a AT.

Como evitar:

  • Garantir que apenas documentos com valor fiscal e emitidos como “Fatura” são comunicados;
  • Formar os utilizadores do sistema de faturação sobre os diferentes tipos de documentos.
  1. Ausência de Descrição Correta dos Bens ou Serviços

A descrição deve ser clara e fiel ao bem ou serviço prestado. Termos vagos como “serviço”, “produto” ou “outros” podem ser penalizados em caso de inspeção.

Como evitar:

  • Utilizar descrições completas, incluindo datas, quantidades e características dos bens/serviços;
  • Configurar textos-padrão no programa de faturação.
  1. Erro na Taxa de IVA Aplicada

Aplicar uma taxa de IVA errada (ex. aplicar isenção onde não há, ou errar entre 6%, 13% e 23%) é outro erro grave.

Consequências:

  • Omissão de receita fiscal;
  • Responsabilização da empresa por regularizações adicionais, juros e coimas.

Como evitar:

  • Manter o software atualizado com regras fiscais em vigor;
  • Confirmar o enquadramento fiscal das operações;
  • Solicitar apoio de um contabilista certificado em caso de dúvida

     

  1. Comunicação em Programas Não Certificados

Todos os programas de faturação usados por sujeitos passivos de IVA devem ser certificados pela Autoridade Tributária, conforme previsto na Portaria n.º 363/2010.

Usar programas não certificados pode resultar em coimas elevadas e invalidação fiscal das faturas emitidas.

Como evitar:

  • Confirmar se o programa está na lista oficial da AT;
  • Optar por soluções compatíveis com SAF-T e comunicação automática.
  1. Não Conferir o Portal e-Fatura

Empresas e empresários frequentemente não acedem ao portal e-Fatura para validar se a comunicação foi feita corretamente. Isso pode esconder erros por vários meses, afetando o fecho de contas ou inspeções.

Como evitar:

  • Verificar regularmente os movimentos comunicados no portal da AT;
  • Cruzar os dados com a contabilidade ou com os ficheiros SAF-T enviados.

 

Como Evitar Todos Estes Erros?

🔎 Aposta em três pilares fundamentais:

  1. Software Certificado e Atualizado

Utilize sempre programas de faturação que sejam certificados pela AT e que estejam preparados para enviar faturas automaticamente ao e-Fatura. Muitos erros surgem de inserções manuais e falta de automatização.

  1. Acompanhamento por um Contabilista Certificado

Contar com um contabilista que conheça a fundo as normas fiscais e técnicas de envio é essencial. É ele quem assegura que o SAF-T está correto, que os lançamentos batem certo e que há coerência entre o declarado e o comunicado.

  1. Controlo Interno Mensal

Definir processos mensais de conferência, reconciliação e validação dos documentos fiscais. Isso evita surpresas desagradáveis no final do ano ou em caso de inspeção da AT.

A comunicação correta de faturas ao e-Fatura é muito mais do que um dever legal: é uma prática que garante a transparência fiscal, evita coimas e assegura o bom nome da empresa.

Na NAS.Correia – Contabilidade de Confiança, acompanhamos os nossos clientes neste processo de forma personalizada e preventiva. Alertamos para erros comuns, garantimos a correta comunicação e validamos todos os ficheiros SAF-T antes do envio, protegendo a sua empresa de riscos desnecessários.

Quer saber se a sua empresa está a comunicar corretamente ao e-Fatura? Fale connosco para uma análise gratuita.

 

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